
Prematuridade
Aleitamento materno em prematuros: impacto da IHAC para unidades neonatais
Carmen Gracinda Silvan Scochi
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP)
Apresentação do Projeto

O que é?
O estudo implementou a Iniciativa Hospital Amiga da Criança para unidades neonatais (IHAC-Neo) na assistência aos prematuros em hospitais das cinco regiões do Brasil. Mediu os impactos da intervenção em relação a dois indicadores: o aleitamento materno exclusivo entre prematuros e a adesão às medidas por parte dos profissionais de saúde.
Como foi o experimento?
Desenvolvido em três etapas e em nove hospitais distribuídos nas regiões do Brasil (norte, nordeste, centro oeste, sudeste e sul), cinco para receber a intervenção IHAC-Neo e quatro não (controle). Na primeira etapa, a equipe coletou dados sobre o aleitamento em 488 mães e bebês prematuros e sobre as práticas de incentivo ao aleitamento materno entrevistando 365 profissionais e 233 mães e realizando 27 observações. Na segunda etapa, em 18 meses os pesquisadores implementaram a IHAC-Neo baseados em técnicas de Knowledge Translation (Translação do Conhecimento), com a participação ativa de cinco grupos multiprofissionais atuantes nos hospitais intervenção, selecionados um em cada região do país. Na terceira etapa, a equipe coletou novamente dados sobre o aleitamento em 495 mães e bebês prematuros e sobre as práticas de incentivo ao aleitamento materno entrevistando 345 profissionais e 198 mães e realizando 21 observações. Os impactos da intervenção foram dimensionados em relação a dois indicadores: o aleitamento materno exclusivo entre prematuros e a adesão às medidas por parte dos profissionais de saúde. O hospital intervenção da região sul, em Londrina – PR, foi o único que aumentou significativamente as taxas de aleitamento materno exclusivo tanto na alta hospitalar (de 29,8% para 84,4%) como no primeiro mês em que o prematuro estava em casa (de 27,3% para 77,1%). Este hospital também foi o que teve maior aumento da adesão às boas práticas, tanto nos Dez Passos (de 35,5% para 78,5%), como nos Três Princípios Norteadores (de 47,8% para 95,8%) e no Código (de 62,5% para 87,5%). Mais de 500 profissionais de saúde foram treinados nas práticas e 4600 bebês prematuros foram beneficiados diretamente pelo projeto.
Principais Resultados
Os baixos índices de aleitamento materno entre prematuros, fator essencial para favorecer o vínculo mãe-filho e para protegê-los contra infecções e complicações durante o período de internação hospitalar. Estudo com 93 prematuros verificou que apenas 22,6% haviam sido amamentados na primeira hora de vida.
Por que é inovador?
A IHAC-Neo é uma estratégia inovadora que expande a IHAC convencional para promover, proteger e apoiar o aleitamento materno considerando a complexidade de amamentar os prematuros e bebês criticamente doentes. Este é o primeiro estudo no mundo a coletar dados sobre o seu impacto nos dois indicadores por meio de entrevistas com mães, gestores e profissionais de saúde, análise documental e observação da prática por avaliadores externos – e não por meio de informações transmitidas pelas instituições, o que torna os dados bem mais confiáveis e precisos.
Qual é o problema que busca solucionar?
Os baixos índices de aleitamento materno entre prematuros, fator essencial para favorecer o vínculo mãe-filho e para protegê-los contra infecções e complicações durante o período de internação hospitalar. Estudo com 93 prematuros verificou que apenas 22,6% haviam sido amamentados na primeira hora de vida.
Implicações para o Sistema de Saúde Brasileiro
Além de treinamento baseado nas melhores evidências, a implementação da IHAC-Neo requer um conjunto de medidas de baixo custo e alto impacto, como disponibilizar acomodações para a mãe permanecer ao lado da incubadora do bebê em cuidado canguru. Portanto, as diretrizes desta iniciativa expandida para prematuros e bebês doentes poderiam ser incorporadas como requisitos obrigatórios para se conceder o título de Hospital Amigo da Criança a instituições do país que atendem este segmento populacional de alto risco.
Próximos Passos
A equipe precisa de um novo financiamento para voltar às cinco unidades e avaliar se as mudanças nas práticas dos profissionais quanto à promoção e proteção ao aleitamento de prematuros continuam mesmo após um ou dois anos. Isso ajudará a mapear o que funcionou bem para expandir a IHAC-Neo para outras unidades neonatais brasileiras.
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